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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

SOBRE AS MÃOS QUE RESSUSCITAM ESTA CIDADE

Na tragédia, as mãos. Dadas ou postas, procuram apoios para limpar as lágrimas, para enterrar os mortos, para proteger o que resta. São mãos de uma cidade que, ajoelhada aos pés do mar, procuram restaurar o que a água levou, na avidez de chegar ao destino. São centenas de mãos que se unem para redesenhar as ruas, as casas, as esperanças de quem perdeu o que tinha, de quem perdeu quem tinha, de quem perdeu o que era há dias atrás.
Hoje, só posso falar dessas mãos: das que organizam as operações, das que suportam, das que limpam, das que manobram as máquinas, das que lavam o rosto desta cidade ferida de morte.
Hoje só posso falar das mãos: calejadas, cansadas, doridas, exaustas. Mãos de homens vergados sob o silêncio de bronze da lama. Mãos que entregam o que têm, o que lhes falta. Mãos que procuram no chão quem não chegou a casa. Mãos de gente. Mãos de irmãos, filhos da mesma vontade.
Ajoelho-me, hoje, perante essas mãos. Valem o que as minhas palavras não sabem dizer. Valem o silêncio dos homens. Valem o sorriso de Deus.
Na tragédia, outras mãos. Dadas ou postas. As de uma cidade que tem de reaprender a enfeitar de flores os beirais, a receber os salpicos brancos do mar, a ouvir a água das ribeiras sem sobressaltos e a rir, vestindo de verde as montanhas, vestindo as noites de luz.
Quisera ser poeta, hoje. E poder beijar com as minhas palavras essas mãos que procuram o futuro que se escondeu debaixo dos escombros.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

de silêncios e de regressos...

O tempo foge de mim.
Tenho andado por outras escritas, em outros lugares. Voltei agora para um beijo. Continuo a amar as palavras.