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domingo, 9 de outubro de 2011

sobre a alegria (e um cesto de piquenique)

Era uma luz de vitral, uma luz quase verde, quase dourada, uma luz de montanha acesa, a desenhar os picos contra o azul do céu.
Estava um silêncio de templo, um silêncio de beijo, um silêncio de folhas a estalar sob os nossos pés.
Levávamos a alegria no cesto, misturada na massa que se acamava no molho, regada no vinho com que brindámos à vida,
- a nós.
E o brinde era à saúde, era à esperança, era ao agora daquele domingo, era a esta coisa boa de estarmos juntos e podermos fazer um piquenique.
Levávamos a juventude de antes, agarrada na gargalhada e no canto dos pássaros e na fruta que espalhámos sobre a toalha aos quadrados de antigamente.
E fomos felizes. Porque a felicidade é assim, feita de coisas pequenas - do frio da água a correr na levada, do desenho de filigrana dos fetos, do recorte fofo dos líquenes, da terra solta do chão.
Voltámos ao tempo das omeletas escondidas no pão da véspera, voltámos a sentir a terra e o cheiro verde das árvores. Voltámos, por um dia, a ser miúdos e a escutar o ritmo dos nossos passos.
Tão simples, afinal, a alegria. Às vezes, cabe num cesto de piquenique. E na luz imensa da serra. E no sorriso. Em nós.

2 comentários:

  1. Obrigada! e tens razão, a felicidade é feita de coisas tão pequeninas, por isso passam despercebidas...

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  2. Eu adorava as douradas feitas no pão do dia anterior. Aquele cheiro a ovo fresco das galinhas, e aquele toque da avó....
    Saudades.

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