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sábado, 26 de junho de 2010

FERIAS GRANDES


Dantes, quando Junho chegava ao fim, desenhávamos planos para os três meses de sol e de praia, de gargalhadas e de amigos. Sonhávamos com o momento de arrumar a pasta, de guardar os livros, de levantar as notas e de nos deslumbrarmos com essa liberdade que vinha a cavalo do Verão. Era o tempo das cerejas e dos balões pendurados nos quintais. Era o tempo dos dias grandes, das tardes anoitecidas a olhar para o mar, das aventuras planeadas, dos lanches estendidos sobre a toalha da nossa alegria.
Dantes, quando Junho chegava ao fim, dourávamos a pele sem medo do sol, embriagávamo-nos de juventude e éramos felizes.
Agora, não. Já não sabemos o gosto que a felicidade tinha na nossa boca quando o dia acordava e nós agradecíamos à vida a simples oferta de estarmos vivos e de termos saúde. Andamos à procura da alegria nos bolsos que se esvaziam, no fundo de um copo, num prato que já nã podemos comer, numa viagem que, afinal, ainda não havemos de fazer este ano.
E Junho está no fim. Exactamente igual a outros Junhos do tempo em que sabíamos viver. Vamos tentar?
Vamos deixar descansar o trabalho que nos tirou o sono durante este ano, as lutas que tivemos de ganhar para que não nos faltasse a coragem de acordar às segundas-feiras e dizer
- mais uma semana,
com vontade de que fosse sábado outra vez .
Vamos deixar que o tempo durma no baloiço do mar ou no segredo verde das montanhas. Vamos deixar que o sol nos beije a pele. Vamos voltar a abraçar quem se perdeu de nós. Vamos rir. Vamos ser felizes. Outra vez. Como dantes.

5 comentários:

  1. Ai que saudades desses junhos, em que o trigo aloirava nos poios como escadinhas, das tardes de calor, e dos foguetes dados pelos rapazes que tinham passado o exame da 4ª calsse. Saudades da festa dos dias grandes e do chapinhar dos rapazes nos tanques de água de rega, depois das partidas de bola ou no descanso de mais um caminho de caruma ou de uns sacos de pinhas para guardar para o inverno.
    Outros tempos....

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  2. É verdade que os tempos mudaram a nossa maneira de ver e viver as coisas, o trabalho, as pessoas, a vida e...as férias!Mas a verdadeira alegria de vivê-las está dentro de cada um de nós. Um pouco de dinheiro ajuda, e as lembranças das férias da nossa infância também nos vêm ao pensamento com frequência (eram bem mais longas e despreocupadas). Agora as contas são outras e as preocupações e responsabilidades também, mas férias são férias. Toca a gozá-las logo que possível!

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  3. Vamos, sim... para lembrar esses outros tempos em que o tempo passava devagar, dava tempo para tudo e tudo era tanto! Agora não há tempo para nada e tudo é tão pouco :( Um dia, temos de fazer greve ao tempo: sentamo-nos no chão um dia inteiro a vê-lo passar ;)

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  4. Já há quem faça isso. Chama-se "nadismo" e consiste precisamente em sentar-se a não fazer nada. Sabe bem de vez em quando!

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