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domingo, 20 de março de 2011

PARA O PAI

Quando o homem conheceu o medo, Deus inventou o pai. Criou-o forte, com mãos de abrigo. Fê-lo corajoso, com força de guerreiro. Fê-lo amigo, com um coração do tamanho do amor. Preparou-o para salvar o mundo que se guarda no corpo do filho.
No princípio, é remédio contra os pesadelos, mão que segura o nosso medo de cair, mestre de todas as coisas, companheiro da bola e da corrida, parceiros dos domingos cinzentos. Depois, é a voz que ensina os limites do tempo e da história; o olhar que corrige as fugas, o suporte que estrutura a vida, a liberdade que marca a hora dos regressos, que oferece o que não há, que ensina o que faz falta.
Pai é abraço na hora da indecisão. É protecção, quando o tecto se derrama e a chuva entra, molhando os olhos e afogando as flores. É sinal de
- podes vir,
quando os nossos olhos estão no chão e, arrependidos, queremos voltar para casa. É a prova de que o amor e a doçura não são apenas palavras femininas.
Conheço bem estas palavras. Graças a Deus. Trago-as no peito desde menina. Conheço a força do braço e a meiguice do sorriso. Um presente.
Por estes dias de Março, desenhamos a vida desse homem que cimentou os alicerces da nossa vida. Lembramo-nos das palavras, dos gestos, dos olhares. Se o temos connosco, continuamos a guardar o nosso medo no seu abraço. Se já não o temos, lembramo-nos do calor que ficou para sempre, dentro do nosso peito.
Por estes dias de Março, olhamo-nos e vemo-nos imagem dessa Figura que Deus, num momento sublime da criação, criou para nós, só para nós, mesmo que tenhamos mais irmãos.
O abraço. O exemplo. A raiz da nossa casa. O pai. Uma das invenções mais perfeitas do Artista.

1 comentário:

  1. Querida Graça: bela reflexão 'experiencial' sobre o pai, que me traz a lembrança do teu pai,o Norberto. Grande homem. Grande PAI!. Tiveste nele um grande dom.
    Rogelio

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