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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ANO NOVO

O toque para a primeira aula arruma os passos em direcção às salas. O tempo é de ir. E ir, nestes primeiros dias, tem sabor de coisas novas aprendidas na esperança de que este será um ano bom.
Há muito que se prepara este começo. E o resto. Setembro é o mês de sonhar as aulas no papel, é o mês de procurar as soluções para os problemas que se adivinham, é o mês de desenhar as estratégias do ano escolar.
As escolas estão prontas. Ou quase. Desenha-se a vontade nos tampos das mesas. Preparam-se os discursos de abertura, pendurando a crise nas palavras. Talvez falte o dinheiro para fotocópias. Talvez ainda não seja este ano que as novas tecnologias sejam parte efectiva do material escolar. Talvez se tenha de ressuscitar o quadro e o giz branco e de cor que marcaram o nosso tempo. Talvez se tenha de reinventar o valor das palavras velhas que falavam de trabalho, de deveres, de livros.
O professor já chegou. Tem um nome. Tem uma história de vida para contar. Não quer calar as palavras no silêncio porque sabe quem já foi: saber, pilar, abraço. Hoje, sabe que, nas suas mãos, guarda o futuro. Às vezes, tem medo. Outras, grava no peito o orgulho de ser quem é: veículo de saber, de saber-fazer, de saber-ser.
Já tocou. Os alunos povoam as salas. O exame de Junho tem de começar a ser preparado a partir do primeiro toque do primeiro dia. É preciso voltar a acreditar no valor da escola, reconhecer o significado maiúsculo da palavra que as férias adormeceram no colo: Trabalho.
Já tocou. O professor apresenta-se. Os alunos também. Marcam no mapa os mesmos caminhos. Têm de saber o nome uns dos outros. Têm de respeitar o lugar uns dos outros. Têm de amar o tempo em que estão juntos, porque o tempo é de estar.
A Escola sorri. Os pátios humanizam-se.
Conheço bem esta ansiedade. Muito bem. E peço, na pequenez dos meus desejos, que, este ano, em todas as escolas, professores, alunos, encarregados de educação e toda a comunidade trabalhem juntos, no sentido de acordar a esperança de um País que anda demasiado triste para sonhar.
Por favor, que os professores nunca desistam de lutar, que os alunos ponham, de novo, a escola na moda, que os pais participem da vida que há-de ser de todos, amanhã. E que ninguém, em nenhum momento deste ano, fique perplexo sem saber o que fazer do seu abraço.
Um bom ano lectivo!

5 comentários:

  1. Apenas folhas desejosas de Primavera me esperavam nos pátios silenciosos da escola.

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  2. Entrei na escola, hoje, para fingir que não estava triste.

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  3. Hoje telefonei para a Escola para saber se estava td bem. E confirmei que ela ainda existe: 'EB do 3º Ciclo do Funchal, boa tarde.' Ainda bem: amanhã talvez a visite para ver tb as folhas que se espalham pelos pátios ;)

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  4. Vem à hora de almoçar!
    Quem sabe!!!1

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  5. Terça-feira, depois de ter ido em frente ao CEHA deixar uma carta (Gracinha, recebeste?), bati à porta do nº 37, mas ninguém me atendeu :( Também... só bati uma vez: devia ter insistido. Bem, mas um dia destes volto a fazer uma visita surpresa ;)

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