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sábado, 18 de setembro de 2010

É só um instante...


Sente-se aqui. Ouça comigo a canção azul do mar que beija esta cidade, cada manhã. Deixe-se levar pela suavidade deste silêncio que acorda as gaivotas e abraça o desenho da calçada.
A cidade espreguiça-se no vagar marinheiro deste momento. Aos poucos, a vida acende as janelas e as ruas povoam-se de cores. Aos poucos, o tempo alumia os sorrisos e abre
- bons dias!
nos passos que ganham o tempo.
São horas, eu sei. Fique só mais um bocadinho. Aprecie comigo as lágrimas azuis dos jacarandás, o fogo laranja da praça, os meninos que, nos telhados, acompanham os pombos na vigia das casas. Veja o bordado das varandas que se debruçam nas ruas. Aproveite o cheiro do café acabado de fazer que escapa das portas. Sinta o afago calado desta hora antes que os carros se lembrem de passar.
Só um instante. Deixe-se levar nesta bebedeira de olhar. Olhe as paredes da cidade. Escondem segredos de pedra e guardam músculos de basalto. As casas da minha cidade têm veias de História a correr no corpo. Olhe as árvores que rasgam o céu. O céu da minha cidade têm as cores que as árvores lhe dão. Às vezes, rouba o azul ao mar. Outras vezes, tem sombras feiticeiras a ameaçar a alegria.
É só um minuto. Prometo-lhe que não chegará atrasado. Permita-se olhar para os outros olhares que, hoje, pararam também. E sorria. Mesmo que chova, o sol do seu sorriso acenderá outro sorriso, que acenderá outro sorriso, que acenderá outro sorriso.
Deus há-de ver. Há-de sorrir também. E o sorriso de Deus há-de dar-nos, a si, a mim e a cidade, um dia feliz.
Pronto. Temos de ir trabalhar. Obrigada por me ter feito companhia. Até amanhã.

3 comentários:

  1. O texto ilustra o caminho que agora faço todos os dias enquanto o dia acaba de nascer. Amanhã vou lembrar-me das tuas palavras. Obrigadinha ;)

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