Lisboa acordou cedo, na pressa de ser azul. Gaiata, desceu a Avenida, balançando as ancas, gritando pregões antigos e baixando a cabeça , não fossem os braços das árvores lhe despentearem os cabelos.
Vai à procura do Tejo que, nestes dias claros de Verão, brinca que é mar e espreguiça-se, iluminando a cidade, sua amante, com quem dormiu a noite toda, embalado num fado que vem não sei de onde e vai por aí, à procura de mundo.
Talvez fosse esta a Lisboa do meu antigamente. Porque, agora, apenas guarda o azul, o céu claro de outros tempos, o grito silencioso dos pregões e mais nada. Estava um bocadinho triste a cidade, esta manhã. Vazia. Fechada. O passado esconde-se atrás das grades que cerram as montras, as portas, os olhos dos empregados (poucos, já) que olham o deserto das ruas.
Lisboa tem saudades de ser feliz, de não ter medo das esquinas, de vender flores aos namorados. Lisboa tem saudades de ser azul. E eu, tenho saudades de Lisboa.