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sábado, 8 de janeiro de 2011

SOBRE PALAVRAS

Deixem falar as palavras. Deixem-nas pousar no lugar certo, como se fossem borboletas à procura do sol. Há asas no corpo branco das sílabas que se aconchegam a outras sílabas para dizerem de si e do que significam.
Embrulhem as palavras no silêncio. Dêem-lhes espaço para serem voz e doçura e poema. Há lágrimas cristalizadas no vazio que as palavras não dizem. Segredos. Amanhãs por acordar. Mistérios.
Sintam o gosto feliz das palavras novas: esperança, coragem, alegria. As palavras desenham começos nas manhãs: são voos de liberdade, sol no chão preto e branco da calçada, luz derramada dos telhados. As palavras são abraços.
Deixem que elas se vistam com a sabedoria que o tempo lhes conferiu. Cada palavra guarda a alma do que significam – amor, amigo, saudade, gargalhada.
Agarrem o poder das palavras. Com elas se beija e se mata. Com elas se acolhe e se maltrata. Com elas se chama a vida, porque são elas que dão nome às coisas e às pessoas e a Deus que “no princípio era o Verbo” (Jo.1, 1-3).
Por elas se recebe o mundo e a felicidade. E se entrega o que temos, o que somos, o que queremos ser.
Deixem falar as palavras: as vossas e as de quem vos escuta. Descubram a poesia que dorme atrás do que não se diz.
Deixo-vos as duas primeiras:
-bom dia.
Contem, depois, quantos sorrisos conseguiram abrir.
[Não sentiram que a manhã ficou mais bonita?]
O resto é convosco.

1 comentário:

  1. Obrigada pelo 'bom-dia' e pelo texto! As palavras são como um cristal... mas onde o tempo para contemplar os seus reflexos?... One day... ;)

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