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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

À PROCURA DE SANTOS

- Quando eu for grande.
Era assim que se verbalizavam os sonhos. Queríamos ser polícias ou bombeiros, descobrir ilhas desertas com tesouros dentro, ser actores de cinema ou bailarinas clássicas. Queríamos casar, ter filhos, ser padre ou vestir um hábito de freira. A felicidade era acessível. Bastava ser grande e pronto.
Depois, crescemos a perceber que a vida nem sempre é assim, concretizável desta maneira, que nem sempre as coisas eram pretas ou brancas, quentes ou frias, boas ou más. Afinal, não bastava crescer. Era preciso mais: ter saúde, ter amigos, ter dinheiro, ter sorte. Era preciso muito mais: descobrir onde estava o sentido da nossa vida.
Aprendemos a escolher os modelos que servissem os nossos propósitos: os pais, os professores, os cantores da moda, os empresários de sucesso, as personagens inventadas da televisão. Mas, agora que sabemos que esses ídolos duram pouco, andamos à procura de outra coisa. De santos, talvez, daqueles que deixaram que Deus lhes pegasse na mão para O ajudarem ma escrever a História do seu tempo.
Os que me olham do altar ensinam-me que isso é possível. Penso em São Francisco, o irmão da natureza e na forma como vivia a humildade; penso no que me ensinou Santo Agostinho, Santa Teresa ou São Tomás de Aquino; penso no que viveram os Pastorinhos de Fátima numa vida tão pequenina; admiro o trabalho de S. João Bosco que me ensinou a ser quem sou; penso em S. Paulo e no mundo que ganhou, penso nos outros, naqueles que não cabem aqui, porque a lista é grande e as palavras, miúdas.
Ando à procura de santos. E falo deles. Daqueles que, em momentos de crise, me mostram que é possível continuar a lutar, daqueles que viveram aqui, na ilha das marés certas, das flores festivas, dos ares doces e dos montes soberbos. Falo dos que vivem ao nosso lado e vão segurando, com amor, os nossos cansaços, amparando os nossos desesperos, fazendo milagres todos os dias, tirando sorrisos das lágrimas, plantando flores nos desertos, encontrando bocados de pão no fundo das arcas e lascas de esperança nos temporais.
Ando à procura de santos. Porque sei que eles existem. E andam aqui. E mostram-nos a face de Deus. E fazem de nós pessoas melhores.
Ando à procura de santos. Andamos todos. Precisamos de acreditar que, como de outras vezes, os milagres acontecem, o sol continua a brilhar, há-de haver uma solução para o país e havemos de voltar a ser felizes.

2 comentários:

  1. Havemos de ser felizes mesmo que eles não queiram!

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  2. Sim, a palavra de ordem é mesmo essa: ACREDITAR!
    Fé nos santos para que tudo fique mais fácil de levar. Obrigada!

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