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sábado, 27 de novembro de 2010

Sobre a noite


É preciso acender uma lua redonda na noite deste céu. É preciso abrir buracos de luz no areal imenso do desespero. É preciso voltar a sentir o beijo do mar na orla da praia. É preciso plantar a esperança no que resta das cinzas da montanha que, apesar da raiva do lume, continua de cabeça levantada.
Andamos tão tristes, nas vésperas deste Natal! Estamos asfixiados no medo do futuro, na precariedade do trabalho, no vazio da carteira, na incapacidade de olhar o sol de frente, na (quase) impossibilidade de acreditar que, um dia, voltaremos a ser pessoas felizes.
Hoje, a minha voz quer ser um grito. Porque é urgente que se fale do milagre de acordar cada manhã, que se revele o segredo dos sorrisos, das gargalhadas, dos abraços, da amizade, que se ensine a pendurar gambiarras de alegria nas varandas das nossas casas.
Hoje, a minha voz quer ser um prado onde o olhar descanse na cama verde do chão ou um mar azul-coragem que lembre partidas e regressos, vontades e amanhãs. A minha voz quer ser o que não há: esperança, esperança, esperança.
A minha voz quer ser. Isso, simplesmente: voz. Dar vida às palavras que têm alma dentro: amor, solidariedade, justiça, verdade. A minha voz quer falar da Vida que nasce em cada momento e que, tantas vezes, se esconde atrás do que não vale a pena. Porque é urgente falar da vida.
Hoje, a minha voz é a voz de quem ainda acredita que é possível – que há-de ser possível! – voltar a acender a lua, uma lua redonda, na noite deste céu.

2 comentários:

  1. É preciso acreditar que milagres são as pequenas conquistas que se fazem todos os dias.
    Respirar, sorrir, andar, tem um destina cada manhã,já é um milagre!

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  2. Oxalá a tua voz seja ouvida e que a luz da lua volte a iluminar o céu. Oxalá!

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