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segunda-feira, 18 de maio de 2009

Romeiro, quem és tu?

"- Romeiro, quem és tu?
- Ninguém."
- E tu, professor?
Nada. O professor não diz nada. Cala as palavras no silêncio, porque não sabe que resposta dar: já foi saber, já foi pilar, já foi abraço.
- Quem és tu, professor?
Nada. O professor não diz nada. E, mesmo que dissesse... E mesmo que explicasse ...
A sala está deserta. Os miúdos esconderam-se dentro dos computadores. O professor não conhece esse mundo. E tem medo. Dentro do computador, não há lugar para o seu nome, não há lugar para a sua voz, não há lugar para a doçura do seu olhar.
O professor está perplexo - não sabe o que há-de fazer do seu abraço.

7 comentários:

  1. A sala está deserta.

    Deserta, mas povoada de possibilidades!

    Nela poderemos desenhar, inventar, dar asas à criatividade, povoá-la de signos e símbolos. Reinventemos novos significados para as palavras e para os números, cromatizemos a sintaxe, revistamos de garridos odores a morfologia e deixemos a semântica harmonizar o contexto da sala. Primeiramente, os sons serão desarmónicos, estridentes, insuportáveis, mas depois harmonizar-se-ão, pouco a pouco, guiados pela batuta experiente do m(a)estre, e obteremos a sinfonia perfeita, que embalará a nossa cansada tarefa de ajudar a crescer!
    O professor continuará sendo Ninguém que perdurará, qual romeiro, no imaginário do adulto que recordará todo o saber aprendido em contexto. recordará a anedota, o cómico, o insólito, a frase que o magoou na altura, mas que agora compreende, a voz cortante da repreensão, mas que o fez crescer... Enfim, ele recordará dos professores, não dos computadores!

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  2. Não sei bem que texto comentar: o teu ou do Jordas. Só por eles os nossos blogues já teriam justificado a sua existência. O conteúdo de ambos é um hino à nossa profissão, no que ela tem de complexo, difícil e belo. A forma é... sei lá que adjectivos usar! Sei que me tocaram e me guiaram com urgência para o quadradinho dos comentários.

    PS: Leonor, tu serás sempre uma belíssima professora.

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  3. Obrigada pelo PS.Sabe sempre bem ouvir estas coisas.
    A verdade, é que se ainda sou como sou, tambem o devo a gente como tu que (ainda) acredita.

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  4. Palavras bonitas como as vossas não sei como escrevê-las, mas sei onde encontrá-las! Tal como disse o Jordas, em cada um de nós, ficará sempre uma lembrança do Professor, aquele que nos marcou por ser único.

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  5. Leonor, o teu textoé muito bonito! Exprime, porém, uma certa angústia perfeitamente compreensível. Sabes, eu penso de maneira diferente. Acho que a sala de aula, nunca irá ficar vazia, pelo contrário estará também cheia de computadores ligados em rede ao computador do professor. Os alunos terão de realizar as tarefas propostas.(pesquisas, sínteses,consulta de gramáticas online, dicionários etc) O docente poderá também fazer a sistematização dos conteúdos gramaticais, usando o quadro interactivo. Os exercícios também poderão ser corrigidos dessa forma. Creio que teremos alunos mais motivados porque, ao fim ao cabo, eles nasceram nesta era das novas tecnologias. E vamos poder sorrir, abracá-los e aconselhá-los na mesma! O que é fixe!
    Temos de encarar os computadores como facilitadores do nosso trabalho docente. E os blogues podem ser uma ferramenta essencial nesta grande mudança a nível do Ensino.

    Jordas, és um escritor fantástico! O teu optimismo é contagiante! Bravo amigo!

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  6. Concordo com os comentários... por um lado temos angustia... e por outro esperança... mas é essencial acreditarmos que podemos fazer algo em prol da melhoria da educação e papel de Romeiro penso que sempre teremos...e alguns serão lembrados...

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  7. Leonor: gostei muito de ler o teu poste - é das ideias que aí resumes (o ser ninguém, o não ter nada para dizer, o estar perdido/a) que vamos partir para chegar longe: vamos reiventar a nossa profissão e, se alguém perguntar "Quem és tu?", tu, eu, todos os que sentem paixão por esta profissão, vão poder responder sem qualquer hesitação:'professor' / 'professora', e ninguém duvidará do que a palavra significa!
    PS: repito com a Agapê: tu serás sempre uma belíssima professora (fiz estágio contigo, por isso sou uma boa testemumha ;)

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